2 de dezembro de 2015

Campanha publicitária sobre direitos dos deficientes

(In)felizmente essa campanha publicitária foi gestada e veiculada aqui em Curitiba.

Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Fiquei abismado quando fiquei sabendo de um suposto movimento questionando os "privilégios" concedidos aos deficientes. Embora tivesse o cheiro de não ser um movimento real, nunca se poderia saber, pois a estupidez não conhece limites. Não tardou a se revelar que era uma campanha publicitária para chamar atenção às pessoas com deficiência e as suas dificuldades, organizada pelo Conselho da Pessoa com Deficiência de Curitiba (com recursos próprios, ressalte-se, sem usar verbas da prefeitura). Se a meta era de chamar atenção, conseguiu. Gerou um furor nas redes sociais, com reações de repúdio e revolta muito grandes. Porém produziu um efeito colateral que, creio eu, não fora esperado: uma página forjada pela mesma campanha numa rede social ganhou um número significativo de apoios. Mostrou que, embora uma maioria esmagadora das pessoas sejam favoráveis aos direitos das pessoas deficientes, há alguns asininos que os desprezam.

A campanha gerou um profundo mal estar e, mesmo depois de revelada a verdade, as críticas não cessaram, desta vez apontando o mau gosto e o "tiro no pé" da campanha. Há os que a defenderam, dizendo que conseguiu fazer com que a população de fato tenha se mobilizado em torno dos direitos dos deficientes.

Eu fiquei dividido a respeito desta campanha. De fato, no dia a dia, acabamos esquecendo das dificuldades por que passam estes cidadãos que, devido à sua condição de ter necessidades especiais, nem sempre encontram condições adequadas para sua vida. Inegável que se trouxe tais necessidades na pauta de discussão da população. Porém parece ter incentivado algumas poucas pessoas egocêntricas e psicopatas a destilarem seu ódio contra os deficientes. Eu acho que os eventuais danos desta peça publicitária são praticamente inexistentes pois, se não é unanimidade, é fato que uma esmagadora maioria concorda com os direitos destas pessoas (embora elas se tornem invisíveis no cotidiano). Entretanto fico receoso nos efeitos que poderiam causar se fossemos discutir direitos de outros grupos sociais, notadamente os que sofrem discriminação por etnia, gênero e orientação sexual. Seria um desastre certo.

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