2 de dezembro de 2015

Idiotização da websfera?

Das leis de Murphy: "crie um sistema que até um idiota consegue usar que só idiotas usarão".

Figura: Pixabay
Li este artigo traduzido do blogueiro iraniano Hossein Derakhshan (original inglês) intitulado "A morte do Hyperlink: Consequências". Não vou reproduzir aqui o texto que seria melhor lido na íntegra, assim, convido o leitor a conferir um dos links citados.

Minha opinião, apesar de não ser muito familiarizado com mídias sociais, é que a facebookização da Internet está contribuindo para a idiotização dos usuários. Pode-se ver nas redes o que alguém acabou de deglutir, fotos de pessoas que você não faria questão de ver na vida real, frases vazias mas que se pretendem carregados de significados, opiniões superficiais e, mesmo quando surge uma informação interessante, cadê a referência, onde está a fonte? Quando se fala de compartilhamento, na verdade é uma transmissão pura e acrítica de informações, muitas das quais são forjadas. Pensar, refletir, checar as fontes, conferir, submeter à crítica... ações que não só tornariam as informações mais confiáveis e relevantes, mas levaria ao usuário a ter melhor formação. Afinal, a rede mundial seria uma excelente oportunidade de educar as pessoas. Entretanto essa oportunidade parece estar sendo perdida.

Na década de 1960, Andy Warhol previa que todos teriam direito a 15 minutos de fama. O futuro chegou e o que temos são narcisistas que se acham célebres pelo número de amigos virtuais ou de "curtidas" que recebem em suas postagens. Põe-se a nu em público e não percebem que só estão expondo o vazio que são. Cultura não se faz sozinho. Cultura não se faz com achismos e opiniões. Cultura sempre foi e sempre será feita por um coletivo de sujeitos, que constroem sua identidade e seu corpo de conhecimentos.

Portanto, o hiperlink não é só um acessório, é uma conquista. Ele permite que o seu leitor tenha acesso além do que você escreve, abre um mundo. Também é uma expressão de honestidade, mostrando de que fonte você bebeu para produzir a sua postagem. Este é um instrumento para que o leitor, ativamente, possa saltar de uma página a outra, de um mundo a outro, de uma forma de pensar para outra. Permite mais que um monólogo, mais que um diálogo, permite uma multiplicidade de interlocutores.

"Ah, mas dá trabalho". "Não dá para publicar velozmente assim". "Para quê? Que chatisse!"

Tire o hiperlink da web e tenha apenas uma fábrica de idiotas.

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